até de repente

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contos - Editora Oito e Meio (2016)

 

Algo inédito aconteceu com a leitura – iniciada e concluída no mesmo dia – deste livro de contos do escritor paulista Rodrigo Maceira. Impressionado com o vertiginoso ritmo das narrativas nele colecionadas (e entrelaçadas com elegância singular), não consegui deter o fluxo, não consegui me deter e realizar a releitura que os ótimos contos merecem. A necessidade de releitura se impôs, sim, mas foi somente depois que concluí o livro. Não largar um livro até concluí-lo porque em momento algum se cogitou outra possibilidade. O que mais pedir de uma leitura? E a releitura me trouxe entusiasmo ainda maior.

Que sorte encontrar um jovem autor que escreva tão bem, um autor capaz de abduzir o leitor, fazendo-o imergir sem esforço na linguagem de muitas nuances, nas entrelinhas, na autopoiese do que está sendo contado, nas camadas ocultas (sempre as mais relevantes), sem que o contato com o dito não imediatamente revelado seja cometido sob a impressão de um processo excêntrico, excepcional. Bom escritor, não há dúvidas sobre isso, é o que faz parecer muito simples o que só se realiza sob dedicação e esforço enormes. Rodrigo é desses.

Aqui, um livro pensado, muito bem realizado, um livro que vale muito a pena. Não sei se é um livro de contos, fico com esta sensação (e penso que terei de me virar com ela por muito tempo) de que se trata de um romance pouco ou nada ortodoxo, composto por protagonistas variados, no qual a cidade de São Paulo, esse ímã inexplicável, por vezes remoto, e sempre fascinante, também é personagem. Notável. Tenho certeza: outros leitores, muitos, também se entusiasmarão.

Paulo Scott

* Até de repente ficou entre os semifinalistas do Prêmio Oceanos 2017.

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