stylus, de novo

Nas tabuletas, a escrita é necessariamente efêmera. Para que os poemas possam ser enviados a um amigo ou reunidos em livro (designado como liber, libellus ou codex), é preciso que sejam transcritos no pergaminho. Tal tarefa é vista por Baudri como uma arte - o que supõe uma habilidade específica - e como um trabalho que merece remuneração.
— CHARTIER, 2007, p.30
Tabuleta de cera romana, usada também na Idade Média. 

Tabuleta de cera romana, usada também na Idade Média. 

A operação de conservação, aqui confiada à escrita, pode muito bem ser inteiramente mental e distribuir, entre os sistemas alfabéticos, as séries numéricas ou as divisões arquiteturais que estruturam a memória, os elementos que devem ser nela arquivados. O segundo objetivo da leitura é a meditatio, que relaciona o texto lido a outros, reencontrados nas “tabuletas da memória”. Se a leitura que permite a memorização pode ser silenciosa, feita em voz baixa ou em voz alta, sem que isso importe muito, a leitura que se afasta da linearidade do texto exige concentração e silêncio. Tal leitura é, evidentemente, mais própria aos textos de saber do que aos jogos da poesia, cuja versificação métrica requer uma voz que lê ou interioriza.
— CHARTIER, 2007, p.41-42