• BLOG
  • LITERATURA
  • Ficções
  • Sobre
Menu

Rodrigo Maceira

Autor, professor e pesquisador
  • BLOG
  • LITERATURA
  • Ficções
  • Sobre
PANO_20190808_203333.vr.jpg

Estamos todos desprotegidos

August 11, 2019

Já de um tempo, tenho circulado por São Paulo em busca de alguns letreiros. Isso é parte do que eu estudo e tenho pesquisado no doutorado. A ideia de que uma palavra, que é sempre performance, é mais performance quando se projeta sobre o espaço público, como rastro de alguém que disse, dizendo ainda. Onde há palavra, uma voz sussurra. A palavra ecoa a voz de algum performer.

Desde o começo do século passado, com a instalação do primeiro letreiro em néon, numa barbearia de Paris, a palavra acesa seduziu, assustou e encantou quem, como nós, anda com medo da cidade escura. Dá para imaginar o que era a noite nas sociedades de “pequena escala”, iluminada pelo céu. O frio era mais frio. E o tempo, mais interminável.

Por isso, venho experimentando alguns movimentos com a palavra pública, para chamá-la de algum nome (apesar de que toda palavra que sai da gente torna pública alguma parte nossa). Nesse terreno borrado, entre a publicidade e uma sensibilidade que poderia ser associada à arte, redescobrimos não apenas a palavra como imagem, uma magia que torna presente o ausente, que acende mentalmente uma ideia; mas a palavra como ação, como gesto performativo, como um corpo que diz e encena, de longe.

Sugeri, para alunas e alunos fabulosos para quem dou aula, a ideia de escrever sobre acontecimentos dos que nos protegemos no mês em que estivemos sem aula. Usamos um pouco a ideia do italiano Cavellini, que, a partir dos anos 70, praticou o que chamou de autostoricizzazione. Usava os corpos das pessoas para inscrever as histórias delas mesmas. De algum modo, fizemos isso com os nossos medos. Na linha do que Maui trazia no corpo, em Moana.

00100dPORTRAIT_00100_BURST20190808202229759_COVER.jpg
MVIMG_20190808_203018.jpg
Profile_-_Maui.jpg
György Galántai: Homage to Vera Mukhina, Perfornace at Heroes´ Square in Budapest with Julia Klaniczay and G. A. Cavellini, 1980

György Galántai: Homage to Vera Mukhina, Perfornace at Heroes´ Square in Budapest with Julia Klaniczay and G. A. Cavellini, 1980

Após registrar algumas vulnerabilidades nossas, o grupo de alunos reuniu, em alguns títulos, uma síntese do que apareceu escrito sobre os corpos. De certa forma, como saída paradoxal para o que normalmente guardamos com a gente, propus, desde o início, que essas tentativas de proteção fossem exibidas num letreiro luminoso instalado na janela do meu apartamento.

O letreiro, agora, está aberto a colaborações. Durante este segundo semestre, vai explodir feito biribinha.

Tags desprotegidos, palavra-performer, cavellini, autostoricizzazione, self-historicization, rodrigo maceira, do que você se protegeu?
← mortos e fantasmasQuando eu descobri que era existencialista →

últimas 

Featured
Sep 14, 2025
back to blogging
Sep 14, 2025
Sep 14, 2025
Sep 17, 2023
Sep 17, 2023
Sep 17, 2023
Jan 21, 2023
finesse: promessa da eldorado
Jan 21, 2023
Jan 21, 2023
Oct 8, 2022
Communitas ou o rock
Oct 8, 2022
Oct 8, 2022
Apr 21, 2022
palavra em performance
Apr 21, 2022
Apr 21, 2022
Feb 1, 2022
Esse bosque rock e pulenta
Feb 1, 2022
Feb 1, 2022
Jan 28, 2022
o meio é a msg, mas o poema não é a poesia
Jan 28, 2022
Jan 28, 2022
Jan 16, 2022
metáfora
Jan 16, 2022
Jan 16, 2022
Jan 14, 2022
meu primeiro poema concreto de 2022 (concrete poetry)
Jan 14, 2022
Jan 14, 2022
Dec 31, 2021
por um triz, ano novo
Dec 31, 2021
Dec 31, 2021