• BLOG
  • LITERATURA
  • Ficções
  • Sobre
Menu

Rodrigo Maceira

Autor, professor e pesquisador
  • BLOG
  • LITERATURA
  • Ficções
  • Sobre

Wronemo-nos

October 14, 2016

Algumas vezes, não faz sentido começar pelo começo. Dei sorte ao abrir o novo disco da Laura pela música 3, "Mel lema". Mas logo voltei para a largada, querendo confirmar se as texturas eletrônicas inauguravam toda uma ideia nova no trabalho de Wrona, ou se teria pescado justo um peixe fora d'água. E não: pra nossa sorte, e surpresa, o violão, sempre tão bonito no EP de estreia, deu lugar a sintetizadores, batidas e ambiências que acolhem generosamente a voz-presença dessa que é das artistas mais interessantes da geração São Paulo Casa do Mancha.

Depois de "Cosmocolmeia", conhecida desde a semana passada, quando circulou anunciando o disco, vem "Nuvens anônimas", dançante,  entrecamadas, com passos sequestrados dos 80. E, de novo, essa doçura que aproxima Laura do giro que alguns músicos latino-americanos, como Coiffeur, arriscaram nos últimos anos. O produto da "reação" em "Mel lema" ganha a gente, tanto e de tal maneira que, mesmo sendo a segunda escuta, já vale o mouse arrastando tudo de volta pro início, onde a música, que já foi expectativa, agora é delicadeza, saudade e tristeza mesmo. 

COSMOCOLMEIA é o segundo disco solo da cantora, compositora e artista visual Laura Wrona. Produzido por Thiago Nassif Co-produzido por Laura Wrona Produção Executiva Corvo Rosa Produções Músicos: Guilherme Kastrup (bateria e MPC), Du Moreira (baixo e synths), Edgard Scandurra (guitarra em Pobre Pantera e Primeira Vez), Andre Bordinhon (guitarra base em Pobre Pantera), Juliana Perdigão (clarinete em Pobre Pantera e flauta em Autoclave), Gil Duarte (trombone em Cosmocolmeia, Thiago Nassif (programações, teclado e guitarra), Beatriz Navarro (cello). Gravado no estúdio 12 dólares em São Paulo Técnicos de Som: Fabio Pinczowski e Lenis Rino Vozes das faixas “Mel Lema”e "Comunhão de Bens” gravadas no estúdio do André Ferraz Mixado e masterizado por Ingácio Sodré na Coletiva Produtora (SP) Assistente de mixagem e masterização Daniela Machado “Ocupado tem Gente”mixada por Martin Scian no Rio de Janeiro

Daí salto para "Autoclave", que leva mais a sério algumas incursões pelo pop das margens, do rap ao funk, e monta um palco entre Calcanhotto, em "Pista de dança/Vamos comer Caetano", e o próprio Caetano de "Não enche". E volto para "Primeira vez", lenta, com produção ainda na linha do Marítimo, e centra a luz na voz cabaré-hackeia-me de Lady Wrona. 

Com a vinheta mínima e minimalista que é "Um pro outro", que serve de cama para Laura repetir, quantas vezes faz caber, essa máxima tão óbvia mas tão bem dita - e necessariamente dita -, "A gente não nasce pronto um pro outro", a artista (porque é desperdício falar da Laura "só" como cantora) avança sobre o território do poema sonoro e simultâneo, trabalhando aglutinações e sobreposições que sugerem outras palavras, novos sentidos. 

Em "Comunhão de bens", reconheço a música de alguns dos últimos shows de Laura, que é mui bonita, mas que, por conta desse resgate, aponta a única falha que encontro no disco: a ausência de "Espetáculos íntimos", também incluída nos shows, e que, parece, permanecerá inédita, sendo boa de doer o peito. A nova versão de "Ocupado tem gente" é ainda melhor que a do clipe com o qual Wrona foi premiada há um par de anos, e a cover de "Estou além", do português António Variações, é um pop formidável com um dedinho do pé no kraut.

Mel no vazio do deserto que estamos vivendo. Dou 10, como de costume. 

Tags laura wrona, cosmocolmeia, pop, heroes

últimas 

Featured
Sep 14, 2025
back to blogging
Sep 14, 2025
Sep 14, 2025
Sep 17, 2023
Sep 17, 2023
Sep 17, 2023
Jan 21, 2023
finesse: promessa da eldorado
Jan 21, 2023
Jan 21, 2023
Oct 8, 2022
Communitas ou o rock
Oct 8, 2022
Oct 8, 2022
Apr 21, 2022
palavra em performance
Apr 21, 2022
Apr 21, 2022
Feb 1, 2022
Esse bosque rock e pulenta
Feb 1, 2022
Feb 1, 2022
Jan 28, 2022
o meio é a msg, mas o poema não é a poesia
Jan 28, 2022
Jan 28, 2022
Jan 16, 2022
metáfora
Jan 16, 2022
Jan 16, 2022
Jan 14, 2022
meu primeiro poema concreto de 2022 (concrete poetry)
Jan 14, 2022
Jan 14, 2022
Dec 31, 2021
por um triz, ano novo
Dec 31, 2021
Dec 31, 2021